15.11.11

Ao despertar



E aqui estou eu, aos 22 anos de idade, fazendo faculdade de publicidade, trabalhando, fazendo cursinho de francês e ainda com tempo para nós dois. Me lembro como se fosse hoje o dia em que te vi caminhando pela faculdade. Esfreguei meus olhos milhares de vezes para ter certeza de que não estava delirando. Não consegui acreditar que você tinha largado sua mãe no interior e seguido por esse mundo afora, sozinho. Eu jurava que você iria morar na sua cidade natal e eu estaria aqui pela grande São Paulo me aventurando. Você estaria em outro país e eu não devia perder inúmeras horas pensando em você. 

Me distanciei, te bloqueie do meu MSN, deletei todos os seus números e mensagens da minha agenda e nem cheguei a te adicionar no facebook. Como diria Caio Fernando Abreu: "Quem não é visto, não é lembrado." Me fiz acreditar que te esqueci que nunca mais o veria novamente e que essa era a melhor coisa a se fazer. E foi assim, te tirando aos poucos de mim que comecei a me ver sem você, conseguia passar minutos, horas, dias, meses sem pensar em você. 

Lembro que aos 17 aquela nossa velha amiga em comum me disse ter te visto e conversado com você, você teria tocado no meu nome, nada muito significativo, só um: ela sumiu! E aquela velha amiga teria concordado: também não tenho falado muito com ela. Ela ficou extremamente surpresa quando ao me contar isso eu não demonstrei nenhuma reação de menininha apaixonada.

A campainha toca. A mari grita da sala: 
- Amiga, é pra você! 

Quando eu penso em me levantar, você já estava girando a maçaneta da porta do meu quarto. Você entrou e veio na minha direção, foi estranho... Vi todos os meus desejos numa pessoa só. Você e aquele seu perfume que me deixa embriagada e aquele velho violão debaixo do braço que você não larga nunca.

- Sempre soube que nós iriamos acabar ficando juntos.

(Não parece, pensei com toda a minha magoa.)

- O que foi pequena?
- Eu sempre tive a certeza que nós não iriamos acabar juntos, até porque você fazia por onde.
- Eu sei eu era inconsequente, fazia as coisas sem pensar, não estava nem ai pra nada nem pra ninguém, mas eu mudei, você sabe que eu mudei.
- Não sei não, tem dias nublados como esse que eu sempre acho que você vai me ligar tarde da noite com o barulho de festa ao fundo dizendo que esta tudo acabado entre nós.

(Eu senti que essas palavras realmente tinham afetado ele.)

Ele segurou minhas mãos e me olhou profundamente, me senti totalmente desarmada naquele momento.

- Eu entendo o por que de você pensar tudo isso de mim, eu fiz por merecer, mas eu já te provei que eu mudei, você não tem ideia do quanto eu sofri quando você parou de falar comigo foi naquele momento que eu percebi o quanto você era importante para mim, pensei em correr atrás de você inúmeras vezes, liguei para você só para ouvir a sua voz e logo depois eu desligava, não achava justo eu confundir você mais ainda. Lembro que a maioria das meninas que ficavam comigo e que acabavam se envolvendo comigo sofriam muito, choravam, enchiam meu celular com mensagem do tipo: EU TE ODEIO, NÃO QUERO TE VER NUNCA MAIS! Que eu fui me deixando envolver pela saudade, fui tentando aceitar que a culpa daquilo tudo era minha, que quando você tentou ser minha amiga eu quis fazer de você só mais uma. Sabe... Até hoje eu tenho todas mensagens que você me mandou quando a gente estava bem e quando a gente estava mal, também...

(Eu o abracei com toda a minha força e uma lágrima escorreu pela minha bochecha. Nossa... Como eu amava aquele cretino.)

Ele secou minha lágrima e me beijou.

- Quer saber duma coisa pequena? Lembra daquela nossa velha amiga em comum? Quando eu a encontrei perguntei por ti, não foi bem uma pergunta foi mais uma afirmação, disse que você andava sumida mas o que eu realmente queria dizer é que estava morrendo de saudades suas.

E eu sorriu feito uma boba, você me abraçou e disse que me amava, como tem feito desde o dia que nós nos vimos pela primeira vez na faculdade. E você pega aquele velho violão e começa a tocar "Canção pra te mostrar" Eu penso em te fazer companhia cantando, mas desisto quando você me sorri como se dissesse: Essa é a minha declaração pra você! Conversamos, rimos e eu acabo adormecendo ao seu lado. 

Sou despertada com um barulho estrondoso. Era o despertador do meu celular, tinha adormecido em cima dos livros pensando em você e pelo visto me daria mal nas provas. Acorda pra vida criança que você ainda está no ensino médio e como sempre, está atrasada.

3.11.11

Ainda Bem



(Silêncio)
Ele: O dia está frio hoje.
Ela: É para combinar com você!
Ele: Porque sempre me trata assim?
Ela: Por que você merece.
Ele: Eu sei, mas eu estou lutando para ser uma pessoa diferente.
Ela: Não parece, você só pode ser bipolar. Numa hora me trata com todo o amor, n'outra vem com sete pedras na mão prontas para atira-las em mim. Você só me confundi.
Ele: Não quero te confundir, eu só cansei de te ver infeliz. Sei que muitas vezes fui um completo idiota contigo, mas eu me arrependo muito.
Ela: Não parece
Ele: É que foi difícil para que eu aceitasse um amor assim como o seu, a gente ficou anos atrás pela primeira vez e mais algumas vezes durante esse tempo, mas para mim não passava disso. "Ficadas" Era difícil eu acreditar que alguém pudesse gostar de mim por tanto tempo, pequena...
Ela: Não me chame de pequena!
Ele: Porque? Você sempre gostou.
Ela: Não são palavras bonitas vindas de você.
Ele: (silêncio).
Ela: É melhor eu ir.
Ele: Não vá, fique mais. Fique comigo. Por favor. Sei que fui um cretino e também eu não disse tudo que eu preciso te dizer. Fica mais... Perto.
Ela: Daqui onde estou eu consigo escutar muito bem o que você fala.
Ele: Não me trate assim, eu queria te dizer que apesar dos pesares, da distância, das minha idiotices e tudo mais, você sempre gostou de mim e eu sempre lutei contra o desejo de ficar com você, de te ter em meus braços, de sentir você me beijando, de ver seu sorriso, de ouvir você dizer o quanto me amava. E...
Ela: E o que? Fala
Ele: Não consigo
Ela: Consegue sim!
Ele: Não consigo dizer com você assim tão longe de mim, chega mais perto.
(Ela se aproxima)
Ele: E... Eu te amo, sempre amei. Só tinha medo de admitir isso pra mim. Mas agora nada disso importa. Eu te amo.Eu te amo.Eu te amo.Eu te amo.Eu te amo.Eu te amo.Eu te amo.Eu te amo.
(Silêncio)
Ele: Você não vai dizer nada?
Ela: Eu não te amo mais.
Ele: Mentira!
Ela: É... Eu sei. Você sempre dizia que eu era péssima mentirosa!
Ele: Ainda bem que você não perdeu esse talento, minha pequena.
Ela: É... Ainda bem.