9.10.13

Minha ressaca de você



Eu andei bêbada de você. Agora, o meu porre é pela sua falta. É pelas ligações que você não faz, pelas mensagens que não responde, pela reconciliação que não está disposto a ter. O meu porre é pelo carinha de xadrez no canto esquerdo do salão que não para de me olhar. E pela vontade que eu continuo tendo de que você resolva não me esquecer, enquanto olho no celular pela milésima vez na noite. Minhas amigas insistem que eu já bebi demais por hoje. Mas tento dizer para elas que as dores de cabeça, as olheiras e o enjoo da vida não têm nada a ver com o álcool: tudo isso foi o seu adeus que rendeu.
Alguém derruba tequila na minha blusa preferida, alguém pisa no meu pé e alguém me empurra no meio da música da Anitta. Depois, alguém simplesmente rouba o copo da minha mão e me beija. Não é você. Mas, enquanto você se mantém longe, eu deixo que ele invada a minha boca. E deixo que passeie com as mãos por lugares do meu corpo que você jurava, até ontem, que eram seus. É uma forma inconsciente de dizer: olha só, tão me roubando de você.
Enquanto me roubam do nosso passado, porém, é da sua sala que eu me lembro. Debaixo daquela almofada verde que fica no seu sofá, tem uma marca de cigarro que eu deixei nos nossos primeiros meses juntos. Qualquer dia, você bate o olho na mancha e se lembra de mim. Aquele creme que eu costumava passar nas suas costas quando te fazia massagem está na segunda prateleira do seu banheiro. E a comida no armário da cozinha fui eu que comprei. Deixei minha marca pela sua casa inteira, para você esbarrar comigo em cada hora do seu dia.
Eu vou esbarrando com você por aqui. Quando sinto meus pés doendo pelo salto que desacostumei a usar, lembro que nós dois não costumávamos sair. Eu ficava feliz em vestir sua camisa e passear descalça por seu apartamento de três cômodos, enquanto você tentava compor mais uma música que não iria para as paradas de sucesso. Eu era completamente louca pela sua voz, pelos seus acordes e pelos seus silêncios. Eu era completamente louca por você também. (E, boba que era, achei que era recíproco).
Cansada de lembrar de você, e com álcool e memórias demais no meu sangue, eu entro em um táxi qualquer e vou embora. Você ainda não se lembrou de mim. Ou é o que quer fingir, porque eu também já soube que você andou perguntando como eu ando para os nossos amigos em comum. Eu, por outro lado, lembrei como eu andava quando estava ao seu lado. Uma menina acuada pelos seus gritos, calada pelos seus ciúmes excessivos, diminuída pelas suas opiniões autoritárias. Todos os seus erros já passaram pela minha cabeça, e eu já me arrependi de você.
Eu chego em casa, me jogo na cama do jeito que estou e decido: acabou. Esse é o último porre que tomo de você e por você.
- Karine Rosa

Ps: Esse texto incrível da Karine Rosa está concorrendo a uma vaga para os Colaboradores ETC 2013 no Entre todas as coisas se você amou o texto tanto quanto eu, deixe seu curtir lá, bjos ♥ 

7.10.13

Pianinho




Eu vou tentar mais uma vez, eu vou atrás, não vou ter medo, eu vou bater, eu vou entrar eu vou chegar mais cedo mais uma vez. Quem é você que não me vê, cadê você que eu não vejo, cadê você pra me dizer que tudo isso vai passar? Eu vou entrar na tua casa eu vou entrar na tua vida eu vou sentar e esperar tu me mandar embora mais uma vez quem é você que me esqueceu. Cadê você que eu não esqueço? Quem é você que me prendeu e depois me deixou pra trás? Que não vai voltar por mais que eu cante, escreva, toque não vai dar. Você não vai mudar sabe que sozinho eu não sei aonde ir você não vai mudar sabe que sozinho eu não sei aonde ir. É claro que tu vai dizer que nunca soube o que eu queria que fica fácil pra você se agora já não vale o que passou os teus amigos, meus amigos, não conseguem dizer nada os meus amigos, teus amigos, dizem que não sabem mais quem eu sou e eu não vou ficar te procurando aonde eu posso encontrar alguém pra me mudar.

— Esteban.

6.10.13

Chorão




Tem só uma coisa que eu queria dizer pra vocês antes de ir embora: A gente fala esse monte de loucura, fala palavrão pra caramba, passa toda a nossa rebeldia, a nossa atitude, o que a gente acredita… O fato de eu ter tatuado em mim, no meu braço, “Marginal”, não quer dizer que eu sou um marginal que faz várias fita, que a assalta os outros não. Quer dizer que eu tô a margem, de muita coisa que eu acho que é hipócrita, que é mentirosa, tá ligado, eu tô a margem da inveja, eu tô a margem da revolta ruim, tá ligado. Porque eu fiz da minha vida, uma vida de trabalho, de batalha. E nela, tá ligado, o meu sonho se fez, e se fundiu. Graças a vocês, mas a gente batalhou muito pra chegar aonde a gente tá. Só que tudo isso que a gente tem, tá ligado, sem uma consciência que a gente adquiriu, hoje não era nada. Porque eu, hoje, eu tenho uma coisa que talvez vocês não tenham. Que é uma banda de sucesso, é uma vida louca, de cada dia tá num lugar, de aparecer na televisão, de tocar no rádio. Só que muitos de vocês tem uma coisa que eu não tenho. Que é o pai de vocês, tá ligado. Meu pai se foi faz dois anos, e até hoje eu não consigo entender porquê. Então, se você tem pai, se você tem mãe, se você tem uma casa, se você tem uma comida na mesa, se tem uma cama limpinha, quentinha, se você tem saúde, se você enxerga, se você escuta, se você se supera, se você erra e aprende com o seu erro, AÍ VOCÊ É FELIZ, AÍ VOCÊ TEM TUDO! Porque dinheiro e sucesso não compra tudo não. O dinheiro compra muita gente, mas não compra tudo não, tá ligado. Então quero que vocês entendam, que o melhor que a gente pode ter na vida são as coisas básicas: é a nossa saúde, é a família, é o amigo, é o lugar pra viver, tá ligado, é ter no que acreditar, é viver em função de um sonho. Eu tenho uma alma, que é feita de sonhos.

— Chorão 

3.10.13

Algumas verdades sobre o "eu te amo"



Dia desses, no meio de uma daquelas conversas sobre relacionamentos, uma amiga perguntou quantas vezes eu já havia dito eu te amo pra alguém na vida. Pensei por alguns instantes, voltando no tempo de colégio e lembrando das paixões platônicas e também da época em que eu passava horas na internet conversando com garotos legais que moravam em outros estados (por que eles sempre moram tão longe?), e acabei respondendo sem medo: muitas. Antes que ela pudesse me julgar e dizer qualquer coisa, acrescentei: mas confesso, digo cada vez menos. O motivo? Eu explico.
Quando a gente tá conhecendo os efeitos da paixão no nosso corpo, tudo é muito novo e intenso. E isso não quer dizer que o sentimento não é real, viu? Todo mundo passa por essa fase em algum momento da vida. Com o tempo e as experiências adquiridas durante os relacionamentos que não deram certo, vamos aprendendo algumas coisinhas que acabam nos ensinando o que é amar, o que é gostar e o que é simplesmente curtir o momento ao lado de alguém legal.
Sou do time que acredita que não vale a pena ficar colocando rótulos e criando expectativas antes de hora. Acho que quando os dois estão curtindo estar no relacionamento, transformar o “eu te amo” em motivo de briga ou insegurança é besteira. É sim muito importante que o casal converse sobre o que sente e sobre o que espera do namoro, mas cobrar essas três palavrinhas é implorar por algo que não depende só do outro. Afinal de contas, ninguém controla o que sente ou deixa de sentir. 
Sei que na maioria dos filmes, livros e séries, quando dizem o “eu te amo”, é sinal de que os personagens estão chegando bem pertinho do tão esperado final feliz. Mas na vida real as coisas não funcionam bem assim. Deixar o outro saber exatamente o que sentimos é algo que acontece aos pouquinhos, com risadas, atitudes, segredos e um conjunto de muitas outras palavras. Um pouquinho de mistério serve pra movimentar a paixão. 
Tente não fazer comparações. Nem com antigos relacionamentos e muito menos com experiências vividas por outras pessoas. Sei que na maioria das vezes elas só querem ajudar dando conselhos, mas cada um enxerga e se projeta no amor de um jeito diferente e são detalhes como esse que fazem surgir a química entre o casal. 
Não siga protocolos ou leve tudo tão a sério o tempo todo. Não existem regras e garantias no amor. Estamos todos correndo riscos quando nos apaixonamos por alguém. Sofrer por antecipação é jogar fora o melhor momento de qualquer namoro: o presente. Hoje em dia, dizer um “você me faz muito feliz!” baixinho no ouvido do outro é ainda melhor do que o velho “eu te amo!” gritado ou escrito por aí. Vai por mim.

- Bruna Vieira