11.11.13

Nós somos infinitos




Eu não sei se eu vou ter tempo para escrever mais, porque eu posso está muito ocupado tentando participar. Então, se isso acabar sendo a última vez, eu só quero que você saiba que eu estava em um lugar ruim antes de começar o colegial. E você me ajudou. Mesmo que não soubesse do que eu estava falando, ou conhece alguém que passou por isso. Você me fez não me sentir sozinho. Porque eu sei que há pessoas que pensam que essas coisas não acontecem. E há pessoas que esquecem de como é ter 16 anos quando completam 17. Eu sei que serão apenas histórias algum dia. E nossas imagens vão tornar-se fotografias antigas. E todos nós seremos mãe ou pai de alguém. Mas agora, esses momentos não são histórias. Isso está acontecendo. Eu estou aqui. E eu estou olhando para ela. E ela é tão bonita. Eu vejo isso. Um momento em que você sabe que não é uma história triste, você está vivo. E você se levanta e vê as luzes nos prédios, e tudo isso te deixa surpreso. E você está ouvindo essa música nessa estrada, com as pessoas que mais ama neste mundo. E neste momento, eu juro; nós somos infinitos.

— As Vantagens de Ser Invisível. 

4.11.13

Mentes Expostas.


Então você dedica aquela música que eu tanto amo para mim, dizendo que se lembrou de mim quando ouviu pela sexta vez seguida antes de dormir. Diz que sentiu alguma coisa diferente no refrão, e que eu me encaixei perfeitamente nos detalhes que a música trazia. Sussurra que aquele refrão meloso foi feito pra gente e que aquele começo lentinho te fez sonhar com o dia que vai dormir e acordar do meu lado. Fala que se lembrou de mim quando a música ficou mais agitada, e que aquilo ali significava nossas brigas e que chorou nos últimos segundos da música. Que se segurou por ela toda, mas que a saudade de mim e a vontade de estar perto foram maiores que seu jeito duro de homem. Você diz que quando a música acabou se lembrou do que sentiu quando eu fui embora dizendo que não voltaria. Mas voltei. Diz que quer estar comigo e ouvir a “nossa” música em um futuro distante e lembrar de como tudo foi complicado, mas descomplicou. E eu só ouvia calada cada palavra tua, cada sussurro de desejo. Fiquei em silêncio esperando uma brecha para falar, desejando que as lágrimas não me traíssem. Não desta vez. E quando finalmente você se calou, senti meu coração apertar e minha garganta ficar seca. Se eu abrir a boca, sei que vou chorar e eu realmente não quero ser a fraca que sempre fui contigo. Você implorou que eu dissesse pelo menos uma palavra, mesmo que monossilábica. E a única coisa que consegui foi sussurrar baixinho o teu nome, sentindo as lágrimas descendo como se fosse algo inevitável, como se estivesse escrito em algum lugar que aquilo deveria acontecer. Eu me entrego ao momento e desisto de tentar parecer forte, eu nunca fui o tipo de garota coração de aço, nunca tive vocação para ser fria. E foi nesse meu pequeno problema de ser coração mole, que me entreguei à você nas outras milhares de vezes que você fez merda e voltou. Por um pequeno deslize conheci você, e por um deslize maior ainda, me apaixonei. Eu finjo muito bem meus sentimentos, foi essa a máscara que criei para parecer menos vulnerável… E no meu pequeno momento de aceitação, digo que te amo. E cara, juro que de todas as besteiras que já fiz na vida, essa foi a pior.
— Júlia e Babi. 

3.11.13

Sobre o vício numa garota que não bebia café, mas ouvia Cazuza.



Ela era como um problema que sempre pedia “mais”, ela era como um vicio absurdamente problemático que pedia mais. Largar mão dela era a mesma coisa que por uma garrafa de vinho na frente de um ex alcoólatra que está de abstinência. Ela era pior do que um simples gostar ou uma quedinha. Pior do que qualquer pretexto. Ela era como um jogo com as peças faltando, ela devia ter uma placa no pescoço dizendo que ela é incompleta e impossível de se entender e se montar. Mas, ela é um jogo com devolução. É um jogo que eu ainda tenho a garantia. Mas me apeguei aos erros, passei a curtir o piores estragos que a Julia tem consigo mesma. Ela era o copo de vinho, e eu era o bêbado. E tô bem longe da recuperação do vício, porque ela, além de tudo, é um vício foda de deixar. E eu nem tô tentando, mas ela inventou de cair fora. Será que se eu ligar e dizer: “porra, Julia, tô com uma abstinência fodida de você”, ela pensa no caso? Ela provavelmente não sabe que é um vício, e ela provavelmente vai rir. Vai mandar eu me cuidar, e vai dizer que eu sabia que no final, ela era um problema. Vai perguntar se pode me ver na sexta, e eu vou deixar. Mesmo sabendo que ela vai meter o pé no domingo, pelo menos na sexta eu volto pro meu vício. No domingo eu me viro, contanto que na sexta eu possa ouvir tua risada irritante de novo. Ela esconde, evita, foge. Ela era um abismo, e eu cai de cara no precipício dela. E não me importaria de quebrar a cara de novo, se ela pedisse. Mas pra ela eu nunca falaria isso, seria humilhação demais. Do jeito que é ia dar risada da minha cara, e dizer que eu tava ficando babaca demais. Mais do que o normal. Alguém aí sabe uma clínica de tratamento contra Julia?