29.12.13

Nós bem atados




“Eu amo o tom da tua voz pronunciando o meu nome e amo, ainda mais, quando ele muda enquanto você me chama com aqueles apelidos que só a gente entende. Eu amo quando você insiste em mim. Em nós. Quando, depois de uma briga, você me faz repetir cada uma das nossas promessas, garantindo que eu não esqueça o quanto você quer, tanto quanto eu, que as coisas continuem dando certo entre a gente. E o quanto tudo ficou muito mais bonito desde que você chegou e resolveu sonhar de mãos dadas comigo. Eu amo o teu sotaque e o quanto você fica irritado quando eu fico te imitando ou rindo das tuas manias. Eu amo o teu jeito de cuidar de mim. E, amo sentir a tua preocupação em saber se estou me alimentando na hora certa, se cheguei bem em casa ou se tomei o remédio pra dor de cabeça. Eu amo sentir a tua proteção, a tua atenção em saber quando não estou bem. E, amo quando você me diz: “tira o bico” pra me roubar um sorriso que eu insisto em negar quando fico chateado. Eu amo quando você me liga pra dizer boa noite e acaba ficando durante horas. E amo, mais que tudo, saber que vai ficar durante uma, duas, três vidas. Ou mais.”

— Plenitude.

28.12.13

Pais e filhos




“Estátuas e cofres e paredes pintadas. Ninguém sabe o que aconteceu. Ela se jogou da janela do quinto andar. Nada é fácil de entender. Dorme agora, é só o vento lá fora. Quero colo! Vou fugir de casa! Posso dormir aqui com vocês? Estou com medo, tive um pesadelo. Só vou voltar depois das três. Meu filho vai ter nome de santo. Quero o nome mais bonito. É preciso amar as pessoas. Como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar. Na verdade não há. Me diz, por que que o céu é azul? Explica a grande fúria do mundo. São meus filhos, que tomam conta de mim. Eu moro com a minha mãe Mas meu pai vem me visitar. Eu moro na rua, não tenho ninguém Eu moro em qualquer lugar. Já morei em tanta casa Que nem me lembro mai.s Eu moro com os meus pais. É preciso amar as pessoas. Como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar. Na verdade não há. Sou uma gota d’água, sou um grão de areia. Você me diz que seus pais não te entendem, Mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo. São crianças como você. O que você vai ser, quando você crescer?”

— Legião Urbana.

27.12.13

Alteridades





“Rimas. Ri mais? Rir, mas de quê? Talvez um quê de queijo, um bê de beijo. Beijo vai, mas bem jovem. Então vem! Nu mesmo, vem nuvem, vem. Mas vem sem. Sem vergonha, sem pudor, sem graça, sem açúcar e sentimento. Se sentir, não vou deixá-lo ir. Sem ir, sem ti, eu não vou a lugar nenhum, nem dois, nem três e nem quartos. Por que mentes? Ah, que mentes não sentiriam saudades doentes… Do ente querido, do ente que queria ter ido, do ente que quase foi. Ufa, e foi por pouco. Já anoiteceu. A noite teceu estrelas, estralos, entranhas e estranhos. A noite teceu trapézios trapezistas, trôpegos, traficantes, trapaceiros e tresloucados. Também temor. Ter amor, amoras, amantes, amarelos… Ah, não. Amá-los ou amar elos? Meio a meio, meio fio, meio feio, meio feito. Essa história meio fora de hora de novo? Sim. De novo, de novo e de manhã, de tarde, de velho, de ontem, de frente, defronte e de ré. Ré é renascer renascentista, iluminista, sulista, turista, budista, autista. Arista? Mundano! Mundo mudo muda mudas. Mudas de gente descrente, descontente, demente, indecente, decadente, ai! Dor de dente, dor de gente. E quem cura? Loucura.”

— Cinzentos

26.12.13

O amor é uma coisa bem complicada




“Ainda não contei de você a ninguém. Acho meio arriscado ou, quem sabe, mera superstição. Eu sei que as pessoas vão me pedir cuidado. Assim me guiei por uma vida toda e foi exatamente isso que hoje me faz uma pessoa contando uma história de amor sem nunca ter protagonizado uma. De um jeito ou de outro, sempre soube que pegar leve era uma forma de manter todas as minhas metades comigo mesma, até então sem saber pra quê servia isso. Só pude ver o tamanho do erro no seu sofá-cama, no meio de um beijo estranho. Você engolindo minhas lágrimas bobas, lambendo minhas bochechas nos créditos de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, que, aliás, a única coisa que entendi do filme é que o amor é uma coisa bem complicada. Você tentou me explicar por partes, e eu me senti menos burra e ridícula, embora com os olhos ainda aguados. Pega no meu queixo e diz que não sou só eu que sinto medo aqui. Faça alguma coisa ruim, qualquer coisa que me impeça imediatamente de sentir esse amor absurdo por você. Estou nas suas mãos e isso não é uma metáfora. Porque eu já não sei mais nada. Parece que sou mesmo seu foco de vida, mas também pode ser que você ande apenas distraído do resto do mundo. Ou, vai que você tá mesmo certo, as coisas são assim mesmo, o amor invade pela boca enquanto a gente se olha e fica rindo.”
— Gabito Nunes.

25.12.13

Eu não existo longe de você



“Eu só não quero espalhar teu perfume pela casa, pra lembrar do teu cheiro. Visitar lugares que andei com você, pra ver se deixou rastros. Abraçar o travesseiro pra sentir os teus abraços. Pegar retrato de nós dois e lembrar de como eramos feliz. Ler cartas que você me enviou. Ligar várias vezes esperando me atender, e você não da importância. Ficar doente e não ter a tua compania pra me sentir melhor. Eu só não quero ouvir as músicas que me lembra você e chorar de saudade. Eu não quero ser obrigado a ter insônia, esperar tarde da noite, você chegar do trabalho, para poder me ligar. Só de imaginar isso tudo acontecer, sinto uma baita dor no coração. A saudade ultimamente define o motivo dos meus choros, eu não quero te assustar, nem parecer um louco, mas eu não aceito viver a vida sem você, a vida que nós construirmos juntos. Sempre existiu eu e você, desde o primeiro pedido pra ficar, desde o medo que sentimos de perder o outro para o outra pessoa melhor. A gente sempre foi da gente. Eu não quero aceitar você vivendo outra vida, sem ser comigo. Pode me chamar de bobo, tolo, idiota, por pensar que um dia você possa ir embora, se eu tenho amor por ti é claro que eu tenho medo, um medo absurdo que eu desabo quando você não está comigo. Você é meu bem maior, é tudo que eu tenho pra ser feliz. Vou cuidar de você, mesmo de longe. Vou me declarar todos os dias, te dizendo o quanto eu amo você, demostrando todo sentimento bom, que você fez brotar em mim.”

24.12.13

Quereres






“Quero sair pelo mundo. Quero fins de semana de praia. Aproveitar os amigos e abraçá-los mais. Quero ver mais filmes e comer mais pipoca, ler mais. Sair mais. Quero um trabalho novo. Quero não me atrasar tanto, nem me preocupar tanto. Quero morar sozinha, quero ter momentos de paz. Quero dançar mais. Comer mais brigadeiro de panela, acordar mais cedo e economizar mais. Sorrir mais, chorar menos e ajudar mais. Pensar mais e pensar menos. Andar mais de bicicleta. Ir mais vezes ao parque. Quero ser feliz.”

— Fernando Pessoa.

23.12.13

Nem vem que não tem



“Então, não perca seu tempo comigo. Eu não sou um corpo que você achou na noite. Eu não sou uma boca que precisa ser beijada por outra qualquer. Eu não preciso do seu dinheiro. Muito menos do seu carro. Mas, talvez, eu precise dos seus braços, das suas mãos, do seu colo pra eu me deitar, do seu conselho quando eu não souber o que fazer do meu futuro. Eu não vou te pedir nada. Não vou cobrar aquilo que você não possa me dar. Mas uma coisa eu exijo: quando estiver comigo, que seja você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade. Não me venha com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda. Eu não quero saber onde você mora. Desde que você saiba o caminho da minha casa. Eu não quero saber quanto você ganha. Quero saber se ganha o dia quando está comigo.”

- Pedro Bial

21.12.13

Exército da Salvação



Mais de 800 mil pessoas se suicidaram esse ano. Milhares estão vendendo seu corpo e dignidade por migalhas na noite de hoje. Algumas pessoas estão chorando a morte de uma pessoa querida agora. Hitler ordenou o massacre de aproximadamente 40 milhões de pessoas. Mais de 30 milhões de fetos foram abortados esse ano. Mais de 20 mil pessoas morreram de fome hoje. Esses números te causaram algum impacto? Acredito que não. Porque? O ser humano perdeu a sensibilidade. Ninguém mais sente a dor do outro. “Se suicidou? Esses jovens de hoje são frescos.” “É prostituta porque quer, vai procurar um trabalho digno!”. Já parou pra pensar o que leva alguém a chegar a alguns extremos na vida? Não justificando tais atos, mas ao olhar para uma prostituta, já parou pra pensar o que ela passou pra chegar onde está? O que sofreu na infância? Ao ver notícias sobre um suicida, já parou pra refletir no que levou-o a desistir da vida? Acredito que a pessoa é mais importante que seu erro. A tecnologia desenfreada criou seres egoístas e destruiu o altruísmo. A dor hoje não passa de estatística. Que o amor nos salve de nós mesmos.

— A menina e o violão.

6.12.13

Sobre "don't try"



"Alguém um dia me perguntou: ‘O que você faz? Como você escreve, cria?’ E eu respondi, você não faz. Você não tenta. Isso é muito importante – não tentar – seja com relação a cadillacs, criação ou imortalidade. Você espera, e se nada acontecer, espera um pouco mais. É como um inseto no alto da parede. Você espera ele vir até você. Quando ele chega perto o suficiente de seu alcance, você bate nele e o mata. Ou se gostar dele pode fazer dele um animal de estimação."

- Charles Bukowski