29.11.12

Um resquício de coragem



Eu queria ter a coragem de chegar em você e dizer: "Deixa eu ficar te olhando? Só um pouquinho! Quer dizer... Um pouquinho não, um dia ou quem sabe até dois... Na verdade eu queria ficar te olhando pelo resto da minha vida, mas acho que um dia ou dois mataria essa ânsia que eu tenho de você. Então vai... Deixa. É só pra que essa sensação de vazio vá embora, só pra que eu possa te olhar sem remorso, sem tristeza. Seria meio que um prêmio de consolação por não poder te ter. Eu iria te admirar esses dois dias, ia decorar cada centímetro seu, cada expressão sua, para que elas se gravassem em mim e toda vez que eu ficasse nostálgica e/ou precisasse escrever, lembraria de você. De cada trejeito seu. Daquele seu tique nervoso de tremer a perna direita quando você estava ansioso, daquele brilho no olhar que você tinha toda vez que pegava no violão, daquele seu nariz pequeno de criança, daquela mordida que você dava no lábio inferior quando queria beijo." 
Mas eu sou fraca, pra não dizer medrosa. E toda vez que eu ponho o pé naquela cidade e corro o risco de te encontrar, toda aquela vontade que eu tinha parece que se tranca dentro de mim e não sai em hipótese alguma. E eu fico meio besta, muda e nervosa quando a gente se esbarra e você vem falar comigo me abraçando e me dando um beijo na bochecha. Você me diz um "oi" e um "como vai você?" e tudo o que eu consigo fazer é balançar a cabeça e fazer com que não saia uma palavra sequer da minha boca. Tudo em mim paralisa. Você segue seu caminho e eu finalmente consigo fazer com que o sangue volte a circular e o coração não saia pela boca. Um resquício de coragem me faz querer gritar seu nome e correr atras de você para que eu finalmente consiga dizer tudo que eu tenho pra te dizer, mas a única coisa que eu consigo fazer é da um sorriso tímido quando você olha para trás e acena. Até a próxima tentativa.

Nenhum comentário: