5.7.13

Escrevia algumas coisas que sabia, outras que inventava.

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“Escrevia a vida. Escrevia sentimentos. Escrevia tudo que sufocava por dentro. Tudo que queria falar, mas não tinha ninguém pra ouvir. Talvez até tinha, mas não se importariam. Lá escrevia amores, escrevia acontecimentos, sorrisos, lágrimas, tudo. Escrevia dores e as vezes relia isso, ouvindo uma música triste. Escrevia os livros que lia, os contos que gostava. Escrevia os finais felizes que conhecia e os que desejava pra si. Escrevia sobre os ventos que sopravam em sua janela. Sobre as portas que batiam, sobre as pessoas que já foram embora. Escrevia por quem ficou de voltar e torcia pra algumas pessoas irem embora. Escrevia a solidão. Escrever se tornava sua companhia. Escrevia perdões que não tinha coragem de dar, promessas de melhorar, novas maneiras para tentar sorrir. Escrevia que tudo iria melhorar, mesmo não acreditando naquelas poucas frases que esse tema lhe rendia. Escrevia sobre anjos lindos ninando seus sonhos, espantando os pesadelos. Escrevia sobre a vida que queria e comparava com o inferno que vivia. Escrevia sobre chuvas que devastavam tudo, mas também escrevia com detalhes as cores do arco-íris. Escrevia o que ouvia, escrevia algumas mentiras. Escrevia ensaios de diálogos que nunca diria e escrevia coisas que nunca ouviria. Escrevia Te amo como se algum dia o ouviria. Escrevia o amor que não tinha e a falta que isso lhe fazia. Escrevia sobre as estrelas no céu e os nomes que algumas tinham. Escrevia algumas coisas que sabia, outras que inventava. Escrevia sobre um mundo de sonhos, que lhe era negado pela realidade. Escrevia toda compreensão que tinha e a pouca que recebia. Escrevia o que gostava, deixando de fora o que não lhe agradava. Escrevia como seria se fosse bonita, como achava que eram outras cidades. Escrevia onde estava, escrevia pra onde iria. Escrevia como era voar, mesmo que nunca tivesse voado. Escrevia como eram as emoções, sem conseguir fugir do vazio que sentia. Escrevia sobre amizades, mais nunca teve alguém pra dizer “Bom dia!”. Escrevia o que mudava com o passar dos anos e o que esperava dos novos anos que ainda viriam. Escrevia tudo que não vivia. Escrevia, sabendo que ninguém nunca leria. Assim fugia do mundo cruel que vive, tendo alguns momentos de alegria.”

— Alentador

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