13.12.12

Tatuagens, Palavrões e Velhos Tempos



Faltavam 15 minutos para as 16 horas e eu tinha marcado com a lenta da minha amiga no shopping as 15. Eu estava sentada lá no finalzinho da praça de alimentação bem em frente ao Mc Donald's, enquanto jurava ao telefone que aquela seria a quinta e ultima vez que eu ligaria para ela e que se ela não chegasse em quinze minutos eu iria embora. 

Foi quando eu avistei alguém que eu não via a muito tempo, com uma blusa que dizia: Tattoo are so attractive!. "Não é possível!" Quase gritei... Só existiam duas pessoas naquela cidade que tinham uma blusa com essa frase... Eu e uma parte do meu passado que eu prefiro que fique lá. 

Pisquei algumas vezes para ter certeza e antes que eu pudesse virar o rosto, esse alguém vinha andando na minha direção e chamando meu nome. Será que ainda dava tempo de sair daquele lugar? Ou quem sabe ate correr dali? 

- Ei pequena, vem aqui me dar um abraço!

Ele sempre gostou do meu abraço, dizia que eu abraçava forte, com vontade, apertando, abraço de gente com sentimento! Obediente, fui abraça-lo e logo em seguida voltei para a mesa.

- Quanto tempo, não é?! (Disse ele enquanto sentava-se ao meu lado.)
- É...
- Acho que uns 2 ou 3 anos.
- Acho que uns 3 anos. (Para ser mais exato 2 anos e 5 meses)

MARINS! MARINS! Gritava e acenava para o Vinicius uma menina loira. Ele se levantou da mesa e foi falar com ela.

- Espera um pouco!? Já volto!

Esperar coisíssima nenhuma. Essa era minha oportunidade para sair dali. A menina loira acenou para mim e sorriu... Parecia simpática. 

Dez segundos depois de levantar-se ele já estava de volta ao seu lugar do meu lado... Na mesa.

- Lembra da Carol? 
- Não.
- Hum... Carolina Cachaça? Minha prima?
- Ah... Ela é sua prima? Não lembrava dela.
- É porque eu só chamava ela de Caca, lê-se Carol Cachaça.
- Ahh...

E o silencio reinou. Nunca pensei que ele seria incomodo para nós, pra quem já bateu o recorde de passar 4 horas ao telefone falando um com outro e se entendendo só com o olhar diversas vezes, o silencio não era nada.

- Tais fazendo o que aqui?
- Esperando uma amiga minha.
- E aonde ela esta?
- Provavelmente em casa, faz mas de uma hora que eu estou aqui esperando por ela!
- Ah, vai chorar é? 
- Eu não choro. (Retruquei)
- Desde quando?
- Desde uns quase 3 anos atras. 
- Duvido. 
- Acredite no que quiser! 
(Ele riu)

Como assim ele riu? Que sentido faz ele rir logo quando a gente estava começando a discutir? Ele sempre foi assim e eu odiava isso nele. Me levantei da mesa, chateada! 

- Ei, ta indo aonde?
- Não te interessa! 
- Se não me interessasse eu não teria perguntado. (Disse ele com um sorrisinho de canto de boca.)

Quase soltei um palavrão. Me contive e continue andando para o mais longe possível daquela mesa. 

- Ei... Volta aqui! (Gritou ele enquanto corria atras de mim)

Quando há 2 anos e 5 meses atras eu mais precisei que ele corresse atras de mim, ele não correu. E justo agora que eu quero distancia dele, ele vem atras. Obrigado Deus por fazer as coisas conspirarem a meu favor. 

Tentei acelerar o passo mas ele me alcançou.

- Aonde vai com essa pressa toda? Ta fugindo de alguém? 

Vou pra bem longe de você, to fugindo de ti seu idiota! Não é perceptível? 
Vendo que eu não ia responder ele resolveu falar.

- Você não mudou nada.
- Mudei sim, e muito.
- Não mudou, ainda é a minha mesma Tina Tequilla.
- Não sou mais a mesma, a começar por esse apelido que esta fora de contexto. (Ignorei a parte do minha.)
- Quer dizer que você não bebe mais Tequilla?
- Pois é. 
- Duvido.
- Acredite no que quiser!
- Acho melhor a gente parar por aqui.
- Quem não mudou nada foi você! Que continua com essa mania besta de dar apelido para as meninas relacionado com bebida.
- Acho que eu mudei, não tanto quanto você deve ter mudado né?! (Disse ele ironicamente) E não é uma mania besta, eu só dou esses apelidos para as pessoas de quem eu realmente gosto. E nesse caso só duas pessoas tem o direito a ter esses apelidos.
- Isso foi uma ironia?! (Ignorei a parte das pessoas de quem ele realmente gosta.)
- Tina, dê o braço a torcer ao menos uma vez e admita que você continua a mesma. 
- Não continuo a mesma!
- Ainda escreve?
- Não! (Menti.)

Estou escrevendo um texto sobre você agora.

-Nem tenho mais tempo pra essas coisas.
- Ainda fala muito palavrão?
- Não.
- Porque?
- Porque a cada 10 palavras que eu falava, 11 eram palavrões. 
- Era tão irresistível quando a gente brigava e você começava a me xingar, você com aqueles seu 1,58cm vindo pra cima de mim me xingando e logo em seguida se derretendo nos meus braços. 

(Golpe baixo, se isso continuar é bem capaz que eu vá a nocaute.)

- Não, faz isso vini. Por favor. 
- Desculpa. 
- Ainda come pipoca com leite condensado?
- Você ainda vai ficar tentando ver se eu realmente não mudei, não é?!
- Com certeza!
- Não, não como mais pipoca com leite moça, engorda!
- Mas você ta sempre linda. Não importa se você esta gorda ou magra.
- Mas eu ainda prefiro minha versão magra. 
- Eu ainda prefiro sua versão que é minha.

(NOCAUTE!) E a partida chega ao fim!

- Poxa Vini, o que você ta fazendo comigo não é justo.
- O que não é justo é você continuar me tratando assim com indiferença. O que não é justo foi a gente ter terminado.
- Mas agora já é tarde demais.
- Não é não. Hoje mais cedo enquanto eu me arrumava pra sair, eu achei essa blusa na gaveta em que você guardava as tuas coisas, lembra que quando a gente completou 8 meses de namoro não achávamos nenhum presente que fosse a cara do outro? Foi bem na época que tu tava com essa frase na cabeça e estava pensando até em tatuar ela na clavícula. Ai tu teve a ideia de por ela numa camisa pra me dar, e eu descobri e tu ficou revoltada, disse que eu tinha estragado a surpresa e tudo mais, ai foi quando eu tive a ideia de fazer uma blusa pra cada, só que a sua seria branca com a frase da cor preta e a minha seria preta com a frase da cor branca pra contrastar com o nosso tom de pele, segundo você. E logo em seguida a gente caiu na risada e nos olhamos e ficou mais claro ainda que ninguém completaria melhor o outro. Que nenhuma outra iria me xingar e eu iria achar atraente, que nenhum outro ia te fazer perder o ar com tantas cócegas, que não há  corpos que se encaixam melhor do que o nosso. Que só sendo amigo, amante e namorado pra fazer com que haja amor puro e verdadeiro que nem o que a gente viveu e o que a gente ainda vai viver!
E eu sorri, sorri um sorriso de canto de boca, não tão atraente quanto o dele, mas sorri. E logo em seguida cai na risada.

- Ei baixinha, o que foi?
- É que eu estou feliz!
- Porque? (Ele sorriu)
- Porque agora eu posso escrever sem remorso, posso xingar sem me punir, posso me lambuzar comendo pipoca com leite condensado sem culpa. Porque eu te amo Vinicius de Oliveira Marins.
- Não mais do que eu te amo Tina Carvalho de Almeida.
- Idiota!
- Venha cá minha baixinha e me dê um abraço, venha. Daqueles que só você sabe!

Foi ali, parados no meio da praça de alimentação enquanto eu estava mergulhada em seus braços que ele se desvencilhou do meu abraço e me beijou. Foi quando eu percebi que uma nova história sobre palavrões e tatuagens pode ser escrita tendo como base os velhos tempos.

02/07/12

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